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Uma das principais perturbações na deglutição (ato de engolir alimentos), a Disfagia é uma disfunção que muitas vezes passa despercebida, mas pode ter consequências graves. Com a deficiência, os pacientes podem adquirir problemas respiratórios e correm o risco de desnutrição. Pesquisa realiza em hospital particular no Ceará revelou que até 56% dos pacientes têm disfagia. O Dia Mundial de Atenção da Disfagia foi lembrado na Santa Casa de Misericórdia de Sobral nesta terça-feira, 21, com treinamento para profissionais da instituição. No hospital, alcança 80% o percentual de recuperação dos pacientes diagnosticados com a enfermidade.

Outro estudo realizado pela Secretaria de Saúde do Estado em parceria com a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (Braspen) apontou que em média 18% a 19% dos idosos ativos em praças também tinham a enfermidade. Quando chegavam aos postos de saúde, o percentual de idosos com dificuldade de engolir se elevada para 45% dos casos. Os dados foram apresentados pelo médico nutrólogo coordenador da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional (EMTN) da Santa Casa de Sobral, que também atua no Hospital Unimed, Hospital Waldemar de Alcântara e no Instituto do Câncer do Ceará (ICC), Henrique Jorge Costa Maia.

De acordo com o médico Henrique Jorge, caso a disfagia seja diagnosticada no início, o paciente terá maior capacidade de recuperação e redução dos danos. “Quando trabalhamos com prevenção, mitigamos os riscos. Reduzimos o impacto financeiro e o alto preço social de outra enfermidade”, ressaltou. Ele explicou que os pacientes passam por um Protocolo de Prevenção de Broncoaspiração.

Entre as características para identificar a disfagia no paciente estão o tempo de engolir, as condições do paciente ao deglutir, os movimentos compensatórios para realizar a deglutição, a tosse ao comer. “É preciso entender que não é só o paciente depauperado que tem disfagia, mas às vezes a pessoa está andando e realizando suas atividades, mas possui a disfunção”, destacou.

Estatísticas mundiais

A disfagia é um sintoma associado a doenças neurológicas, degenerativas, câncer de cabeça e pescoço, além da senilidade em idosos. Estatísticas mundiais apontam que entre 52% e 82% dos pacientes com doenças degenerativas apresentam dificuldade ao engolir. Além disso, 60% dos pacientes senis também possuem a disfunção. No entanto, 75% dos casos não são diagnosticados.

A nutricionista da Nestlé Health Science, Ana Caroline Farias, destacou que a disfagia é um problema frequente, mas ainda pouco conhecido e com diagnóstico tardio. A dificuldade de deglutição pode estar relacionada ao funcionamento das estruturas orofaríngeas (oral e relativo à faringe) e esofágicas (referente ao esôfago). “A disfagia em idosos é complexa e associada a diferentes causas”, ressaltou a nutricionista. Alguns aspectos nutricionais negativos da doença, de acordo com a especialista são a interrupção do prazer da alimentação, além da dificuldade de manutenção das condições nutricionais e de hidratação.

Diagnóstico e Tratamento

A atenção ao paciente com disfagia deve contar com uma equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, nutricionista, fonoaudiólogo e fisioterapeuta, além de psicólogo em casos específicos. O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para realizar a avaliação, diagnóstico e tratamento fonoaudiológicos das disfagias orofaríngeas.

O fonoaudiólogo Brisamar Azevedo explicou que os pacientes passam por avaliação antes de dar início ao tratamento. “Avaliamos os órgãos da deglutição, como a língua, os lábios, a faringe, e depois verificamos como o paciente deglute os alimentos. Se houver tosse ou engasgo, pode haver risco de aspiração”, explicou. De acordo com ele, junto à equipe multiprofissional haverá uma avaliação acerca da necessidade de uso de sonda e tratamento para que o paciente possa voltar a se alimentar por via oral. O índice de recuperação na Santa Casa alcança 80%.